O Biota Campos é um projeto financiado pela FAPESP (Processo #2020/01378-0). O projeto teve início em Fevereiro de 2022 e tem previsão de término em Janeiro de 2027.
Em todas as regiões tropicais do planeta, os campos naturais são mal compreendidos, geralmente vistos como resultado de degradação de florestas, uma vez que com frequência ocorrem em condições de clima e solo que suportariam vegetação arbórea, caracterizando os chamados estados alternativos estáveis. Os campos naturais não são sequer mapeados, não é reconhecida sua importância, não se conhece sua biodiversidade e não são compreendidos os fatores que os mantêm. O Projeto Biota Campos visa suprir boa parte das lacunas de conhecimento relativas aos campos naturais, com enfoque para o estado de São Paulo, mas amostraremos também remanescentes próximos em estados vizinhos, visando melhorar a contextualização espacial e ecológica dos campos paulistas, hoje grosseiramente classificados em campos do cerrado e campos de altitude. Duas grandes hipóteses norteiam o projeto de pesquisa: a primeira, baseada na teoria dos filtros ecológicos, busca verificar se existem tipos de campos que possam ser distintos pela flora peculiar ou se as comunidades vegetais dos campos remanescentes formam um gradiente associado a gradientes ambientais. A segunda hipótese baseia-se na teoria dos estados alternativos estáveis: verificaremos se as transições entre os campos e as formações savânicas ou florestais adjacentes são estáveis, mantidas por fatores abióticos restritivos, ou se essas transições são móveis, dirigidas por fatores de distúrbio. Pretendemos mapear os remanescentes de campos naturais e caracterizá-los pela fauna, flora e estrutura da vegetação (especialmente biomassa e cobertura). Investigaremos os fatores ambientais e de distúrbio que os modularam e registraremos os fatores atuais de ameaça. Buscaremos estimar a idade das plantas pequenas que os compõem e a dinâmica da expansão e retração de campos e florestas em zonas de transição, por meio de dendrocronologia. Indicaremos espécies e ecossistemas ameaçados, bem como áreas remanescentes prioritárias para a conservação. Adicionalmente, iremos instalar e monitorar experimentos visando à restauração e ao manejo conservacionista desses ecossistemas. Esperamos, com este amplo projeto de pesquisa, expandir e disseminar o conhecimento sobre os campos naturais e, assim, fortalecer as bases para a formulação de políticas públicas conservacionistas voltadas a esses ecossistemas no estado de São Paulo.